Pesquisar este blog

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

The Romantics

A história da banda começa nos anos 70, precisamente em um dia dos namorados do ano de 1977, quando quatro garotos - Wally Palmar (vocais), Jimmy Marinos (bateria), Mike Skill (guitarra) e Rich Cole (baixo) – começaram a tocar, irritados e frustrados com o tédio. Ao invés de conseguirem trabalhos em shopping centers, lanchonetes, resolveram abraçar o movimento punk que explodia no planeta. Resolvem adotar o nome The Romantics e começam a montar um repertório básico. A influência do grupo ia de MC5 a Stooges, The Up, Rationals (bandas da cena local de Detroit nos anos 60 e 70), passando pelos grupos ingleses da década de 60 – Kinks, Who, Stones, Animals. O som era cheio de energia, bom humor, irônico, tudo coberto com muito volume saído dos amplificadores.
Os Romantics tinham uma imagem simples e limpa, com cabelos curtos, calça e camiseta. Mas resolveram mudar para poderem se destacar dos demais e começaram a ficar famosos quando adotaram um visual que os marcariam até hoje: ternos de couro vermelhos!
Depois de muita luta e apresentações por todos os cantos, resolveram fundar um selo próprio, Spider Records, e lançaram o primeiro compacto, contendo as canções “Little White Lies" e "I Can't Tell You Anything".
Seguem uma maratona de shows e após uma apresentação em Toronto, no Canadá, Greg Shaw, da Bomp Records, convida o grupo para gravar um disco.
Shaw havia ficado impressionado com o som dos meninos. O resultado foi um outro compacto, contendo as músicas “Tell It To Carrie” e “First In Line”. O grupo começa a burilar nesse segundo lançamento um pouco mais do estilo que os faria estourar. O passado punk começa a ser deixado de lado e acabam sendo catalogados como banda “new wave”, o que não desagrada o grupo, já que queriam fazer um som divertido e que pouco lembrasse o niilismo dos Sex Pistols. Ainda que fosse feito nos mesmos três acordes do grupo inglês.

Em 1979 assinam com a Nemperor Records in 1979 e em três semanas gravam o primeiro LP do grupo, batizado apenas de The Romantics. O disco trazia uma cover dos Kinks, “She’s Got Everything You” e dois dos primeiros sucessos do grupo, “When I Look In Your Eyes” e a clássica “What I Like About You”, que começa com o famoso “Hey, uh huh huh” que os marcaria tanto quanto o “hey ho, let’s go!” dos Ramones”, embora, obviamente, tenham sido infinitamente menos famosos. O disco fazia um som extremamente divertido, alegre, cheio de humor e mostrava um grupo bem entrosado e com boa pegada rock. Nesse contexto, se destacavam dos grupos “new wave’, pela ausência de sintetizadores e já começavam a ser chamados de banda “power pop”.

O sucesso de “What I Like About You” é modesto nas paradas – apenas a 49ª posição – mas o suficiente para colocar a banda na estrada pelo país. Em 1980, o grupo entra em estúdio para gravar o segundo LP, National Breakout. O som do grupo mostra influências diferentes, incorporando a surf music e até o soul da Motown nas novas composições. O grupo consegue um bom resultado com as canções "Tomboy," "21 and Over" e "Stone Pony" e debutam em palcos europeus e australianos. O grupo também participa de uma coletânea da Quark Records, cedendo as canções gravadas pela Bomp, que entraram no disco Midwest Pop Explosion, lançado também em 1980.
O sucesso começava a aparecer em doses maiores, mas acabam perdendo o guitarrista Skill, que é substituído por Coz Canler. É com Canler que lançam o novo disco no ano seguinte, Strictly Personal, que alcança boa vendagem e sedimenta a imagem dos Romantics.

O grupo começa então a trabalhar em novas composições e em 1983 lançam o disco que os fariam vender milhões: In Heat.
Amparado em dois clássicos do grupo, “One In A Million” e, principalmente, “Talking In Your Sleep”, o grupo conquista todas as rádios do planeta.
Deixando um pouco o som mais ingênuo da banda e com uma produção mais bem cuidada, o grupo consegue uma pequena obra-prima pop e o sucesso cresce assim como os bizarros cortes de cabelo. O álbum alcança rapidamente a marca de disco de ouro e coloca as duas canções no Top 10, feito inédito.
Mas, curiosamente, o sucesso fez mal ao grupo, que perde o baterista Marinos, cansado da histeria de fãs e do ego de seus colegas. Nessa época, os integrantes viviam as turras entre si e com seus empresários. A solução foi convocar Dave Petratos para a bateria.

Mas o ambiente já estava muito deteriorado entre os quatro integrantes do grupo e após um novo LP, Rhythm Romance, em 1985, o grupo acaba.
 
O som da banda descaracteriza-se e abandona o “power pop” em busca de algo mais convencional, flertando com o rock de arena. Tanto os fãs quantos os próprios integrantes ficam desgostosos com o resultado e decidem que cada um deve seguir seu caminho.


Mas a separação é muito mais complicada do que imaginavam, pois se envolvem em uma séria de batalhas judiciais contra os antigos empresários que exigem pagamento de royalties e indenizações pelas excursões quem foram marcadas e não cumpridas pelo grupo.
Com a banda desfeita, a Nemperor lança a coletânea What I Like About You (And Other Romantic Hits), contendo os 10 maiores sucessos do grupo, em 1990.
E no mesmo ano os Romantics voltam à ativa com um membro ilustre na bateria: Clem Burke, ex-Blondie. A banda começa a fazer shows novamente, e em alguns shows Burke é substituído por Johnny "Bee" Badanjek, em alguns shows em 1992, quando Burke havia assumido outros compromissos. A performance mais famosa desse ano acontece em uma apresentação feita em homenagem ao ex-vocalista do MC5, Rob Tyner, que havia falecido em 19 de setembro de 1991.

Em 1994, lançam um EP chamado Made In Detroit pelo selo Westbound Records. O disco consistia em cinco canções, sendo três delas escritas por outra lenda da cena de Detroit: o maluco George Clinton, líder do Funkadelic. No final do ano, o grupo ganha um prêmio pela sua contribuição ao pop e rock de Detroit, dado pelo Motor City Music Awards. Nada mal para uma cidade que também mostrou ao mundo o Parliament, Suzi Quatro, ? And The Mysterians, Mitch Ryder, além do próprio MC5 e Iggy Pop...
Em 1995, após quase oito anos de brigas judiciais, conseguem chegar a um acordo com os antigos empresários, e agora detém o direito sobre seu catálogo e de suas composições. Jimmy Marinos acaba voltando ao grupo em lugar de Clem, em 1996, mas abandona a banda novamente no ano seguinte.

O grupo passa os próximos 10 anos sendo reverenciados por fãs do planeta inteiro e tocando, mas sem gravarem material novo. Entretanto, vale conhecer alguns discos ao vivo como King Biscuit Flower Hour, de 1996, Live, de 2000 e Hits You Remember: Live, de 2001, e conferir como o grupo era bom e afiado em cima de um palco. O grupo mostrava um grande tesão e muita alegria, novamente.

E quando ninguém mais esperava nada deles, surgem em 2003 com um novo disco de estúdio que captura o velho espírito: 61/49. O nome do novo trabalho vem da famosa encruzilhada em Clarksdale, Mississippi, onde Robert Johnson fez o famoso e suposto pacto com o demônio e se tornou um dos mais importantes e idolatrados bluesman da história. O disco conta com Wally, Coz, Mike e Clem Burke na formação e mostra um trabalho sólido de músicas bem feitas e tocadas. Com composições próprias, além de covers de Kinks e Pretty Things, o disco tem a presença de Marinos em metade das faixas e de Johnny "Bee" Badanjek em duas canções. Além dos dois, o tecladista Eddie Hawrysch (Black Crowes) e Luis Resto participaram do disco.
Considerado como o melhor disco de um grupo de Detroit em anos, 61/49 coloca o grupo novamente na ativa e eles saem tocando em vários lugares e dando várias entrevistas. Recentemente participaram do Little Steven’s Underground Garage Festival (Little é aquele mesmo do projeto Sun City e que tocou com Bruce Springsteen), em Nova York.
Skill explica como se deu essa volta: “Nós jamais perdemos nossa raiz rocker durante todos esses anos. Fizemos vários shows sozinhos e até com os Kinks e Cheap Trick, que nos influenciaram tremendamente. Quando voltei ao grupo em 1984 eu estava pensando em fazer um som mais ao estilo da Motown, que era radicalmente contra o que Duran Duran fazia e que dominava as paradas. Agora resolvemos apostar nas nossas raízes de Detroit, com um som mais sujo, básico, furioso. Nosso novo disco tem tido um apoio importante das college radio e estamos tocando por toda costa leste e fazendo programas de rádios transmitidas pela internet, que hoje mostram mais rock do que as rádios tradicionais. Quando começamos a compor as músicas, tínhamos centenas de idéias e Wally escreveu quilos de letras. E Jimmy acabou voltando ao grupo ajudando em algumas composições e também porque tínhamos aqueles processos correndo. Quando nos reuníamos, falávamos sobre os problemas e tocávamos para nos distrairmos. Quando achamos que já tínhamos um bom número de composições, fizemos os arranjos e convidamos Steve King e Al Sutton para produzirem. Eles souberam valorizar nosso som, sem soterrá-lo com modernices ou aumentar em demasia o som das guitarras.”
Skill explica também que com a volta do Blondie aos palcos, Clem precisou ser substituído por Brad Elvis, do Elvis Brothers. “Brad é um baterista que gosta de tocar alto e com muita energia, um cruzamento entre o próprio Clem com Keith Moon. Quando ele disse que ia fazer shows com o Blondie disse que devíamos experimentar tocar com Brad. Acabamos aceitando e é ótimo termos alguém que pode se comprometer seis meses por ano. Nós convidamos Jimmy para voltar ao grupo, mas ele disse que não tem mais disposição de enfrentar uma turnê.”
Skill explica também que hoje a ambição da banda é bem menor: “agora tocamos em lugares pequenos para 400 ou 500 pessoas. Muitos nem conhecem ‘Talking In Your Sleep’ ou o próprio Romantics e tem gente que jura que ouviu a canção em um comercial de televisão no dia anterior...risos. Mas tem sido muito melhor dessa maneira. Hoje somos uma banda muito mais centrada. O importante é continuamos a fazer o som do qual sempre gostamos. Eu ainda ouço meus velhos discos de blues, gente como Howlin’ Wolf, ou Kinks e MC5. Também ouço as novas bandas de Detroit como o White Stripes, mas ainda gosto dos meus velhos ídolos. Parei de querer dar conselho aos mais novos porque fizemos tanta merda e sofremos tanto que não quero mais confusão para o meu lado. A única coisa que digo é que nunca percam o controle de suas carreiras. Isso é muito importante e evita um monte de ida aos tribunais.”
Com essa mentalidade simples e tendo apenas o rock em foco, os Romantics continuam tocando pela América, Europa, Japão e Austrália. Os discos da banda não estão mais disponíveis em catálogo, mas uma boa pedida é a coletânea de 1990, What I Like About You (And Other Romantic Hits), com 10 faixas e que dá um bom apanhado do grupo

Nenhum comentário:

Postar um comentário